sexta-feira, 26 de março de 2010

Violência - renitente vexame nacional

No disparate da violência em Fortaleza (um simples recorte de uma situação nacional), um aposentado de 62 anos é vítima de um bandido, da ineficácia e ineficiência da polícia e da extrema incapacidade do Estado na prevenção à violência.

Já está mais do que tarde – e as vítimas que o digam!... – para que se compreenda a necessidade da assunção do estado de guerra na qual o país está mergulhado.
O cidadão ordeiro e decente precisa ter o direito previsto em lei, no que diz respeito opção pelo preparo e pelo cuidado com a defesa da própria integridade.
O poder público NÃO DÁ CONTA!... E é de uma inocência retrógrada acreditar no contrário.
O discurso pacifista continua belíssimo e, se necessário por um lado, oblitera por outro o caminho árduo para se alcançar a paz; seja este caminho o da guerra física para que a própria guerra seja extinta; ou seja o da evolução espiritual, do qual distanciamo-nos a passos largos e deliberadamente, a cada dia.
É provável que a imagem do senhor de 62 anos sendo baleado, roubado e levantando-se desnorteado após a violência, se evapore do campo de visão nacional bem mais cedo do que se imagine.

Não reagir à violência – e estou certo da não necessidade de qualquer menção mais detalhada do quanto esta expressão, aqui, pretenda extrapolar a idéia da simples não reação a um assalto – é algo prestes a nos habituar ao “bom convívio” com o absurdo.

As contra-reações às posturas reativas a estes particulares, tendem às frases feitas da ordem das “violência gera violência” e “pela paz disso, aquilo e não sei o que mais...”, com as devidas alusões aos medievalismos enquanto caracterizações àquelas idéias de respostas contundentes aos atos de violência que têm acometido o país.

Questiono, então; estar em guarda contra isso, enfim, defender-se, não é algo próprio da natureza humana? Ou estou enganado e o bufão sou eu?...

Entre o comodismo, a inocência (ou burrice mesmo) e uma considerável inversão de valores, cremos estupidamente que o Estado e as instituições estabelecidas, e que o poder constituído e sua alçada, enfim, algo que acreditamos nos representar pode e deve dar conta de nós mesmos.
E o resultado mais óbvio, por fim, só tem nos massacrado e nos levado a semi-estarrecimentos abobalhados, quando perguntamos a ninguém "por que as coisas têm que se assim?" e igualmente pra ninguém, dotados de uma indignação inerme, afirmamos: "é um absurdo!".
Algo típico do medievo (reiterando; normalmente apontado para caracterizar a reação à violência, nestes casos) é a convivência com massacres e com a crueza da morte.

Não reagir, e nem mesmo sequer pensar nisso, é anuir à incapacidade de controle que se afigura de forma impositiva diariamente no seio de nossa sociedade. É estar conivente, acomodado e indiferente ao vexame que, tão firmemente, vem se corporificando dia após dia.

Repetindo-me, então, como já o fizera em outras ocasiões; resta, por fim, aguardar a vez de tombar gratuitamente e sumir das retinas desinteressadas da nação...

Que se repense com seriedade a questão do armamento civil.


(vídeo: Jornal Bom dia Brasil - Globo News - em 26/02/2010)

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