Diário Catarinense refere-se ao último livro de J. R. Tinhorão
(Tinhorão - foto: Adriana Vichi - fonte: Portal SESC-SP)
LITERATURA
Tinhorão investiga a música
Ao 82 anos, José Ramos Tinhorão está mais lúcido do que muito garoto de 20. Como se não bastasse a clareza das ideias apresentadas na entrevista feita por telefone, o mais recente livro do jornalista, A Música Popular Que Surge na Era da Revolução, mostra o conhecido e impressionante vigor do autor.
A obra, que remonta ao século 18 para jogar luz sobre o surgimento da música popular urbana, cuja base se deu durante o conturbado período da Revolução Francesa (1789), revela ao leitor como gêneros essencialmente negros do Brasil, como a modinha e lundu, conseguiram invadir os portentosos salões da nobreza branca portuguesa graças ao êxodo do violeiro brasileiro Domingos Caldas Barbosa.
(Tinhorão, por Lauro Ribeiro da Silva - fonte: site Novo Milenio)
Tinhorão lamenta hoje que algumas pessoas o tenham marcado por algumas críticas que fez em sua longeva carreira em periódicos, como a dirigida a Tom Jobim, e se esquecem da importância de sua trajetória. Porém, é impossível ignorar que, no que diz respeito à qualidade dos textos e o rigor com informações históricas, Tinhorão é o maior pesquisador de música popular vivo no país.
A prova está em seu novo livro, cujo trabalho de pesquisa impressiona, já que o autor escancara minúcias do século 18. Analisa, por exemplo, como a música foi gradativamente deixando de ser mero acessório nos teatros, que reproduziam o discurso oficial dos governantes, para se tornar artigo primordial de protestos dos revolucionários, transformando-se de hinos em verdadeiras canções.
Material todo recolhido por Tinhorão, que desde jovem se enfurnava em sebos e bibliotecas atrás de novidades que hoje são artigos raríssimos.
– Sou um cara muito chato, não tenho preguiça de ler. A academia no Brasil se ampara muito em bibliografia europeia, eu fiquei sozinho na raia – diz.
A Música Popular Que Surge na Era da Revolução, José Ramos Tinhorão. Editora 34, 176 páginas, R$ 32.
AE
(fonte: DIÁRIO CATARINENSE)
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2817399.xml&template=3898.dwt&edition=14167§ion=1315
em: 23/02/2010
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