GUITARRISTA Antônio Coelho Neto (com o projeto "VERTIGEM") apresenta-se hoje (30/03) no programa TIMBRES, veiculado pela TV Cultura do Pará e gravado na capela do São José Liberto, às 18hs.
Com um virtuosismo marcante e contundente, Antônio (nascido em Belém e morando em Marabá-PA, atualmente) apresenta um domínio sólido do instrumento e é dono de uma pegada cheia de propriedade que, seguramente, o coloca entre os grandes guitarristas do país. Sem maiores rodeios; o cara é muito bom!
O músico assina todas as músicas do show (à exceção de alguma cover de responsa que abaca rolando) e vem acompanhado pelo baixista Geraldo Rocha e pelo baterista Leciano Montepalma, ambos de Marabá.
Ao 82 anos, José Ramos Tinhorão está mais lúcido do que muito garoto de 20. Como se não bastasse a clareza das ideias apresentadas na entrevista feita por telefone, o mais recente livro do jornalista, A Música Popular Que Surge na Era da Revolução, mostra o conhecido e impressionante vigor do autor.
A obra, que remonta ao século 18 para jogar luz sobre o surgimento da música popular urbana, cuja base se deu durante o conturbado período da Revolução Francesa (1789), revela ao leitor como gêneros essencialmente negros do Brasil, como a modinha e lundu, conseguiram invadir os portentosos salões da nobreza branca portuguesa graças ao êxodo do violeiro brasileiro Domingos Caldas Barbosa.
(Tinhorão, por Lauro Ribeiro da Silva - fonte: site Novo Milenio)
Tinhorão lamenta hoje que algumas pessoas o tenham marcado por algumas críticas que fez em sua longeva carreira em periódicos, como a dirigida a Tom Jobim, e se esquecem da importância de sua trajetória. Porém, é impossível ignorar que, no que diz respeito à qualidade dos textos e o rigor com informações históricas, Tinhorão é o maior pesquisador de música popular vivo no país.
A prova está em seu novo livro, cujo trabalho de pesquisa impressiona, já que o autor escancara minúcias do século 18. Analisa, por exemplo, como a música foi gradativamente deixando de ser mero acessório nos teatros, que reproduziam o discurso oficial dos governantes, para se tornar artigo primordial de protestos dos revolucionários, transformando-se de hinos em verdadeiras canções.
Material todo recolhido por Tinhorão, que desde jovem se enfurnava em sebos e bibliotecas atrás de novidades que hoje são artigos raríssimos.
– Sou um cara muito chato, não tenho preguiça de ler. A academia no Brasil se ampara muito em bibliografia europeia, eu fiquei sozinho na raia – diz.
A Música Popular Que Surge na Era da Revolução, José Ramos Tinhorão. Editora 34, 176 páginas, R$ 32.
Antes de começar a tratar do assunto aqui proposto, alerto que não sou especialista em arte nem em rock. Além de apreciador de canções, quando muito sou letrista, e ainda por cima bissexto. E é nesse território que eu me aventuro a andar, mas mesmo assim pisando em ovos. Feitas estas observações, vamos ao que interessa antes que o leitor se canse, se é que já não foi ler algo mais interessante.
O rock já não mais um adolescente. Há mesmo bandas que apesar de sugerirem isso em Belém, como Babyloides e Delinqüentes, já alcançaram a maioridade. Mas o ímpeto adolescente que move a cultura do rock faz com que a todo momento jovens de idade ou de espírito montem suas bandas.
Mas pra muitos quem faz rock será sempre o jovem imaturo demais pra ter sua produção levada a sério como obra de arte. Não que isso seja fundamental pra afirmação do rock, mas é que há bandas cujo diálogo extrapola as fronteiras do rock, dialogando com vários outros estilos musicais, mesmo com diferentes linguagens artísticas. É o caso de bandas como Norman Bates, que já traz no nome a alusão ao cinema e que dialoga com o pós-concretismo e com a decadência e a estranheza visceral de Augusto dos Anjos; era o caso também da Euterpia, herdeira pós-tropicalista da antropofagia oswaldiana. Também podemos citar a infelizmente dissolvida banda Cravo Carbono, com a poesia densa e moderna de Lázaro Magalhães e o Coisa de Ninguém, banda da qual, segundo a Keila eu sou o principal letrista.
Há muitas outras, as bandas aqui citadas são apenas um pequeno exemplo. Pode até o leitor que seja músico dizer, “Égua, esse cara não fala nada de música”. A esse leitor com razão contrafeito eu digo que isso é por ignorância e não por desprezo ou antipatia pelos músicos. Mea culpa feito, chego ao centro do problema que me mobilizou a essas mal digitadas linhas. O fato é que essas bandas, possuidoras de um trabalho especial com a letra, não alcançam o reconhecimento por parte daqueles que não cansam de chamar Chico, Gil e Caetano, de poetas da MPB (mesmo havendo coisas horríveis na MPB que são aplaudidas, mas isso eu trato num próximo texto). Tudo bem que Renato Russo e Cazuza conseguiram esse reconhecimento, mas eles são apenas as exceções que confirmam a regra. E em Belém há um duplo exílio para esse tipo de banda: são tidas como sérias demais pros adolescentes (talvez daí tenha saído o título córtex do último disco do cravo carbono); e adolescentes demais pros sérios apreciadores de canções. O exílio é confirmado pelo fato de apenas há poucos anos as rádios sem fins piratas terem inserido algumas bandas locais em suas programações normais, tirando essa produção do espremido cubículo temporal de uma hora por semana dos programas de rock. Acredito que essas bandas ensaiaram sair da catarse culinária que geralmente movimenta a cultura de massa grossa. Nelas eu percebo aqui uma benjaminiana cultura de massa fina, ou seja, uma tentativa de dar um tratamento estético para além do mero objeto de consumo descartável. Tal ousadia estética percebemos claramente nas letras de Lázaro Magalhães, por exemplo, cujas composições, juntamente com a música da sua ex-banda são objeto de estudo de mestrado em artes da aqui já citada vocalista e pesquisadora Keila Monteiro. Mas as perspectivas não são derrotistas, acho que o tempo trará um olhar mais detido sobre essas obras. Todos sabemos que os objetos estéticos têm seu próprio tempo, que prescinde da urgência do showbizz, e ultrapassa muitas vezes a própria vida de seus criadores. que o tempo comprove que a história é mãe e não madrasta.
( * ) Mestre em Letras pela Universidade Federal do Pará, poeta e letrista, Clei de Souza (pai de Aquiles e Diadorim) integra as bandas “Coisa de Ninguém” e “Quem Pariu Eutanázio”.
Seria cômico, se não se passasse no quintal de casa...
Postado por "Ze Dudu", em "Piadas" (link abaixo)
http://www.zedudu.com.br/?m=201002&paged=2
Quando você for prestar depoimento em um Tribunal, tente ter o tirocínio deste policial. Ele estava sendo interrogado, e o advogado de defesa tentava abalar sua credibilidade:
Advogado: – Você viu meu cliente fugir da cena do crime ?
Policial: – Não senhor. Mas eu observei logo em seguida um elemento
com a descrição do criminoso correndo a algumas quadras de distância.
Advogado: – E quem forneceu a descrição do criminoso ?
Policial: – O policial que chegou primeiro no local do crime.
Advogado: – Um colega policial forneceu as características do suposto
criminoso. Você confia nos seus colegas policiais ?
Policial: – Sim senhor. Confio a minha vida.
Advogado: – A sua vida ? Deixe-me fazer uma pergunta. Na sua delegacia tem
um vestiário onde vocês trocam de roupa antes de sair para trabalhar ?
Policial: – Sim senhor, temos um vestiário.
Advogado: – E vocês trancam a porta com chaves ?
Policial: – Sim senhor, nós trancamos.
Advogado: – E o seu armário, também tranca com cadeado ?
Policial: – Sim senhor, eu tranco.
Advogado: – Por que então policial você tranca seu armário, se quem divide
o vestiário com você é o mesmo colega a quem você confia sua vida ?
Policial: – Veja bem doutor, nós estamos dividindo o prédio com o Tribunal de Justiça, e algumas vezes nós vemos advogados andando perto do vestiário.
A platéia irrompeu-se em gargalhadas, e a sessão foi suspensa.
No disparate da violência em Fortaleza (um simples recorte de uma situação nacional), um aposentado de 62 anos é vítima de um bandido, da ineficácia e ineficiência da polícia e da extrema incapacidade do Estado na prevenção à violência.
Já está mais do que tarde – e as vítimas que o digam!... – para que se compreenda a necessidade da assunção do estado de guerra na qual o país está mergulhado.
O cidadão ordeiro e decente precisa ter o direito previsto em lei, no que diz respeito opção pelo preparo e pelo cuidado com a defesa da própria integridade.
O poder público NÃO DÁ CONTA!... E é de uma inocência retrógrada acreditar no contrário.
O discurso pacifista continua belíssimo e, se necessário por um lado, oblitera por outro o caminho árduo para se alcançar a paz; seja este caminho o da guerra física para que a própria guerra seja extinta; ou seja o da evolução espiritual, do qual distanciamo-nos a passos largos e deliberadamente, a cada dia.
É provável que a imagem do senhor de 62 anos sendo baleado, roubado e levantando-se desnorteado após a violência, se evapore do campo de visão nacional bem mais cedo do que se imagine.
Não reagir à violência – e estou certo da não necessidade de qualquer menção mais detalhada do quanto esta expressão, aqui, pretenda extrapolar a idéia da simples não reação a um assalto – é algo prestes a nos habituar ao “bom convívio” com o absurdo.
As contra-reações às posturas reativas a estes particulares, tendem às frases feitas da ordem das “violência gera violência” e “pela paz disso, aquilo e não sei o que mais...”, com as devidas alusões aos medievalismos enquanto caracterizações àquelas idéias de respostas contundentes aos atos de violência que têm acometido o país.
Questiono, então; estar em guarda contra isso, enfim, defender-se, não é algo próprio da natureza humana? Ou estou enganado e o bufão sou eu?...
Entre o comodismo, a inocência (ou burrice mesmo) e uma considerável inversão de valores, cremos estupidamente que o Estado e as instituições estabelecidas, e que o poder constituído e sua alçada, enfim, algo que acreditamos nos representar pode e deve dar conta de nós mesmos.
E o resultado mais óbvio, por fim, só tem nos massacrado e nos levado a semi-estarrecimentos abobalhados, quando perguntamos a ninguém "por que as coisas têm que se assim?" e igualmente pra ninguém, dotados de uma indignação inerme, afirmamos: "é um absurdo!".
Algo típico do medievo (reiterando; normalmente apontado para caracterizar a reação à violência, nestes casos) é a convivência com massacres e com a crueza da morte.
Não reagir, e nem mesmo sequer pensar nisso, é anuir à incapacidade de controle que se afigura de forma impositiva diariamente no seio de nossa sociedade. É estar conivente, acomodado e indiferente ao vexame que, tão firmemente, vem se corporificando dia após dia.
Repetindo-me, então, como já o fizera em outras ocasiões; resta, por fim, aguardar a vez de tombar gratuitamente e sumir das retinas desinteressadas da nação...
Que se repense com seriedade a questão do armamento civil.
(vídeo: Jornal Bom dia Brasil - Globo News - em 26/02/2010)
Nossa adequação social ao absurdo já deveria estar catalogada como psicopatologia gravíssima. Verdadeiramente, além das condolências à família, não cabe nada além da perplexidade e do estarrecimento ao dar-se conta de nosso cretinismo na conformação deste arremedo de sociedade civil que integramos. Após a estupidez da inerme pena sócioeducativa, quer dizer que um dos assassinos do garoto João Hélio (aos 6 anos de idade) ganha liberdade e prerrogativas para começar uma nova vida no exterior? Tal grau de indecência social já não merece mais notas de repúdio e protestos indignados que, certamente, comporiam o departamento dos artigos de perfumaria no rol de prioridades e atenções do país. Lembrar também que estamos afundando em alto mar e festejando o fato já soa tautológico (ou soaria, se a consciência nacional ao menos uma vez se desse conta da letargia na qual se encontra imersa). Parece-me, então, que só resta aguardar a vez de também tombar de graça.
O senhor Olavo de Carvalho discorre (link) com propriedade e precisão sobre o ocorrido: http://www.olavodecarvalho.org/semana/100308dc.html
e a notícia veiculada em “O DIA ONLINE” diz o seguinte:
“Moradia no exterior após pena por morte de João Hélio
Ao completar maioridade e cumprir medida socioeducativa, jovem ganha liberdade e vai viver no exterior, com garantia de casa e identidade novas para recomeçar a vida Rio - Três anos depois de participar do assalto que resultou na morte brutal do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos — arrastado por sete quilômetros em ruas de bairros da Zona Norte —, Ezequiel Toledo de Lima, que na época era menor de idade e hoje tem 18 anos, ganhou a liberdade. Após cumprir a pena socioeducativa, o rapaz voltou para as ruas dia 10.
Assaltantes abandonaram carro na Rua Caiari, com o menino já morto, após ser arrastado por 7 quilômetros | Foto: João Laet / Agência O DIA Mas, temendo represálias e ameaças sofridas, inclusive no do Instituto João Luiz Alves, na Ilha do Governador, onde estava, ele foi morar no exterior com a família. A mãe do rapaz também teria sido ameaçada...” (íntegra no link abaixo)