quarta-feira, 19 de maio de 2010

NA FOLHA DE SÃO PAULO







A MÚSICA!!! Ah, a música...

A celebrização (na acepção mais vazia da palavra) de tudo, resultante da transformação da vida em produto, nivela por baixo todos os referenciais no tocante ao entendimento das idéias do que sejam conceitos como arte, música e mesmo política e religião.

No caso da música, há muito a industria conseguiu substituí-la por quaisquer músicos (ou coisa que os valha), ou mesmo (e pior) por figuras que, caricatas ou sensuais, representem antes de tudo artefatos não necessariamente artísticos.
Por fim, se bem maquiado, com a melhor aparência e um perfume* marcante e de boa fixação, pouca importância tem o que realmente seja; seu produto vai vender.
Logicamente, os resultados beiram o nefasto, ainda que de um belo macaqueado e dissimuladamente bem perfumado, o nefasto.

Na primeira edição do programa “Na Mira do Régis” (segue o link) http://br.video.yahoo.com/watch/7467154/19698626
em um show da “banda Cine” (eu nem conhecia) Régis Tadeu aborda o público (adolescente) e alguns de seus respectivos responsáveis para constatar que música, numa situação destas, é o que menos importa.
Régis, ao final, ironiza a situação fazendo alusão a uma vasectomia, para evitar o azar de dar mais um fã para a banda “muito ruim”, segundo o próprio.

Hoje, na semana seguinte ao programa acima referido, em artigo publicado na Folha de São Paulo, entre consternado e aborrecido Talhes de Menezes discorre sobre “A lista das mais tocadas” consagrando a “canção simplória”.

Triste...
A substituição gradativa e praticamente irreversível do simples (singelo, contudo, podendo encerrar o belo) pelo simplório (patético, tolo), vem relegando a música a um terceiro ou quarto plano de importância – e isto em seu próprio universo – e dando crias cada vez mais robustas e densas da suscitada mesmice simplória; onde, cada vez mais (grave e tristemente), vem se entendendo por boa música estes resultados infalivelmente previsíveis e carregados de uma mediocridade vista como algo valioso. E bote valor! A industria fonográfica e os produtores continuam felizes da vida e, a cada nova temporada, gerando novos semi-deuses de plástico e papelão, com os devidos e tácitos prazos de validade em algum lugar das embalagens bem acabadas; prazos estes que sempre passam despercebidos, mas (quase que invariavelmente), não falham.

(*) metáfora utilizada com todo respeito aos bons perfumistas, aos quais exprimo devotada admiração.

Segue o artigo do senhor Talhes, com a exceção de uma foto (Vitor e Leo), por inépcia minha na edição para o Blog.

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